A febre amarela amedrontava os cariocas no final do século XIX. Quem podia, subia a serra e ficava por lá nos dias mais quentes. O italiano Antonio Jannuzzi (1853-1949) aproveitou a forte demanda e construiu várias casas de veraneio em cidades serranas. Em Petrópolis, ele ergueu o Palácio Rio Negro (1889), para o barão de mesmo nome, e o Palácio Itaboraí, que por dois anos foi sua própria residência de verão. Mesmo tombado pelo Iphan, o Palácio Itaboraí passou longos anos sem sequer uma reforma. Foi doado à Fiocruz em 1998, e em outubro do ano passado foi aberto à visitação, já todo reformado. Este ano, serão instaladas ali uma biblioteca virtual e uma videoteca, e iniciados diversos programas sociais.
O prédio hoje é sede do Fórum Itaboraí: Política, Ciência e Cultura na Saúde, programa da Fiocruz que pretende debater temas vinculados às desigualdades sociais e à saúde. “Teremos atividades de inserção digital, um programa de ensino de música, produção de mudas de plantas medicinais e de contenção de encostas, além da capacitação de restauradores, aproveitando os afrescos do palácio que estão escondidos por baixo da pintura”, conta Félix Rosemberg, diretor do programa.
O palácio já abrigou o Colégio Americano, a primeira Faculdade de Direito de Petrópolis, foi residência de verão dos governadores do estado do Rio de Janeiro e sede de alguns órgãos estaduais. “Jannuzzi veio para o Brasil a fim de construir casas populares, que era o que ele fazia na Itália. Mas acabou construindo palacetes como o Itaboraí e o Rio Negro. Ele foi amigo do barão do Rio Negro e chegou a ser sócio dele na companhia de construção Evôneas Fluminense”, conta Bárbara Primo, historiadora do Palácio Rio Negro, que hoje é residência oficial de verão dos presidentes da República, no Centro de Petrópolis.
À primeira vista, não era possível dizer que o Palácio Itaboraí estava em mau estado, mas a equipe responsável pela restauração teve algumas surpresas. “Não dava para ver nenhum grande estrago, mas a umidade do terreno aumentou e deixou paredes e esquadrias de madeira podres. Era quase impossível ficar lá dentro com aquele cheiro de mofo”, conta Márcia Franqueira, arquiteta que coordenou o projeto e as obras do palácio e hoje trabalha no Iphan da Bahia. Além dos problemas de conservação, a equipe removeu divisórias colocadas posteriormente e recuperou o que havia de original no prédio. Boa parte das instalações já estava descaracterizada com novos anexos, como banheiro e cozinha.
Os mais curiosos não encontrarão por lá nenhum conteúdo sobre a história do palácio. Mas poderão passear pelo primeiro andar, onde fica a área de exposições, e também descansar no café que será inaugurado em breve.
Saiba Mais
Palácio Itaboraí: Rua Visconde de Itaboraí, 188, Valparaíso. De segunda a sábado, das 9h às 17h.
Projeto verão
Cristina Romanelli