Quadrinhos - Traços marginais

Henrique Magalhães

  • Os quadrinhos norte-americanos da década de 1950 se mostravam uma alternativa comercial lucrativa para as editoras locais por causa da boa vendagem de séries que traziam histórias de terror, crime e guerra. O teor dessas publicações, que muitos pais e educadores viam como sórdido e pessimista, fez com que o Senado dos Estados Unidos aprovasse, em 1956, uma lei que estabelecia a censura aos quadrinhos por meio de um código de ética. As publicações “liberadas e recomendadas” recebiam um selo impresso nas capas.

    Com o cancelamento de vários títulos, algumas editoras mudaram sua linha editorial para continuar no mercado, mas as transformações que tomaram de assalto a sociedade na década de 1960 fizeram com que os autores de quadrinhos reagissem ao conservadorismo. Era a época da explosão da contracultura e do movimento hippie, que questionavam a política imperialista dos EUA e a Guerra do Vietnã (1959-1975). Essa onda de contestação, que ficou conhecida como movimento underground, pretendia modificar todo o sistema vigente e atingiu em cheio as HQs. Nomes como Robert Crumb, Gilbert Shelton, Bill Griffith, Victor Moscoso e Richard Corben ficaram célebres ao publicar, com recursos próprios, revistas em quadrinhos que desafiavam a censura imposta ao mercado. Delas, a mais famosa foi a Zap Comix, lançada em 1967 por Crumb.

    Essas publicações alternativas não se restringiram aos Estados Unidos e foram reproduzidas em todo o mundo, sem que se desse muita importância aos direitos autorais. No Brasil, o gato Fritz e Mr. Natural – personagens de Crumb – foram apresentados no início dos anos 1970 na Grilo, especializada em séries intelectualizadas para o público adulto. Essa revista e os quadrinhos de vanguarda norte-americanos e europeus influenciaram toda uma geração de autores brasileiros, que faziam parte das vanguardas de movimentos estudantis e começaram a produzir suas próprias revistas “marginais”, com o apoio dos diretórios acadêmicos de faculdades de Comunicação e Arquitetura. (...)

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