Recortes do passado

Alice Melo

  • A foto de Pelé na Copa de 1962 faz parte do arquivo de milhões de imagens do Centro de Pesquisa e Documentação do Jornal do Brasil. (CPDOC / JB / Foto: Alberto Ferreira)

    Pelé se curva após sofrer uma contusão na partida contra a Tchecoslováquia em 1962. O fotógrafo imortaliza o momento em que o Brasil fica sem o seu “rei” na Copa – e no ano seguinte ganha o Prêmio Esso pela fotografia. Este é apenas um dos dez milhões de exemplos em formato de negativos que mostram a importância de um dos maiores arquivos jornalísticos particulares do país. Criado há quase 50 anos, o Centro de Pesquisa e Documentação do Jornal do Brasil resistiu à crise financeira que acompanha a empresa desde os anos 1980. A um mês do aniversário de 120 anos do periódico, o CPDoc JB planeja se tornar uma fundação para continuar o seu trabalho.

    “Queremos transformar o CPDoc em uma instituição sem fins lucrativos”, diz Humberto Tanure, diretor geral do jornal. “A intenção é continuar atendendo o público de maneira ampla e gratuita, mas de uma forma mais sistemática e organizada. Queremos democratizar o acesso à nossa informação”, explica. A mudança pretendida facilitaria a captação de recursos do governo, que seriam investidos na manutenção do acervo e em sua modernização.

    No final do ano passado, um laudo elaborado pelo Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (Aperj) acusou problemas de engenharia civil na sede do CPDoc, atualmente no Rio Comprido, Zona Norte do Rio de Janeiro. “O arquivo está em bom estado e bem organizado, mas recomendamos ajustes na parte elétrica, um monitoramento de umidade e uma mudança física do abrigo de negativos”, relata Ivy Silva, funcionária da diretoria da Divisão de Preservação de Documentos do Aperj. De acordo com o parecer, as atuais instalações não danificaram o acervo, mas podem reduzir sua longevidade.

    Para que isso não aconteça, os funcionários preparam um projeto de reestruturação do arquivo fotográfico e realocação do acervo de recortes, que ainda não se encontra na sede do departamento. Não existem cópias desse material em outras instituições, o que torna mais importante o trabalho de preservação.

    “Para quem estuda a História do Tempo Presente, este acervo de imagens e a coleção temática de clippings são fundamentais. Há ali um mapeamento documental e imagético dos principais acontecimentos do século XX”, observa Beatriz Kushnir, doutora em História pela Unicamp e diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. “Se não conhecemos o que temos e controlamos arquivisticamente este ‘mar de informações’, não temos como alimentar as pesquisas probatórias, acadêmicas e igualmente mostrar nos filmes, peças e exposições”, observa.

    O CPDoc JB abre seu arquivo para o público pesquisador de segunda a sexta, das 10h às 17h, mediante agendamento de horário. A consulta de edições antigas do jornal pode ser feita também na Biblioteca Nacional, que disponibiliza a busca por microfilmes, ou em casa. Uma parceria com o Google já digitalizou 70% das páginas do Arquivo Centenário, acessíveis pela plataforma virtual chamada News Archive.

    Saiba Mais - Internet

    www.cpdocjb.webnode.com