Entre gravuras de sóis, galáxias, representações de países da América Latina e de estados brasileiros. Assim caminha o trabalho da experiente gravurista Heloísa Pires Ferreira. Hoje, esses elementos também compõem o acervo da Biblioteca Nacional: a artista que trabalha há 40 anos com diferentes técnicas acaba de doar mais 30 de suas obras para o setor de iconografia.
“Foi enquanto me organizava para uma exposição que selecionei as obras para a BN”, explica Heloísa, sobre a mostra que está prevista para acontecer no meio do ano, em São Paulo. Sandra Hitner, crítica da Associação Brasileira de Críticos da Arte, destaca que a aquisição das obras da artista contribui muito para o acervo da BN. “O papel da Heloísa Pires Ferreira é uma contribuição fundamental na arte da gravura contemporânea brasileira”, explica Sandra sobre a artista que já recebeu a bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, e participou da organização e edição do livro Gravura brasileira hoje: depoimentos.
Entre as gravuras doadas estão representações de países como Honduras, Bolívia e Paraguai que são parte de uma narrativa sobre a América Latina, feita pela artista, e que apresentam nuances de seu processo criativo. “Antes as doações feitas pela Heloísa eram mais pontuais, incluindo algumas obras de outros artistas”, lembra Léia Pereira da Cruz, chefe do setor de iconografia da Biblioteca Nacional.
O relacionamento entre Heloísa, que já expôs em lugares como o Museu Nacional de Belas Artes e a Biblioteca Nacional é antigo. Na década de 1990, alguns de seus trabalhos foram adquiridos pelo mesmo setor em uma exposição na galeria Gravura Brasileira, de São Paulo. Na mesma década, durante o período em que foi professora no Sesc da Tijuca, celeiro de novos artistas, e deu aula na Escolinha de Arte do Brasil, ambas no Rio de Janeiro, as visitas de Heloísa à instituição eram frequentes.
Essas novas doações para o setor passam por um pequeno processo de verificação para avaliar o estado de conservação e checar se há algum material duplicado, caso alguém já tenha feito doações anteriormente. O passo seguinte à catalogação é o acesso ao público. Logo as gravuras doadas por Heloísa estarão disponíveis em catálogo. “Estamos inclusive conversando com ela sobre a possibilidade de digitalizá-las e disponibilizá-las no site da biblioteca”, conclui Léia.
Relacionamento antigo
Fernanda Távora