Ele fica na zona portuária do Rio de Janeiro, a cinco minutos da Avenida Rio Branco, uma das mais movimentadas do Centro da cidade. No entanto, o Morro da Conceição ainda guarda um pouco dos ares do século XIX, no que diz respeito à parte de sua arquitetura e estilo de vida. O fato despertou a curiosidade da cineasta Cristiana Grumbach, que iniciou em 2003 as filmagens do documentário Morro da Conceição... As reticências do título não são gratuitas. Na verdade, o nome do filme é Morro da Conceição da dona Iria, do seu João, da dona Alzira, da dona Maria Amélia, do seu Feijão, da dona Duda, da dona Mida, do seu Chapéu... Isso porque a diretora optou por contar um pouco da história do morro através de entrevistas de alguns dos seus moradores mais antigos.
A partir dos depoimentos de oito personagens, o filme apresenta, com intimidade, o dia-a-dia dos lares centenários da região. “Esses moradores são verdadeiros guardiões da memória da região”, diz Cristiana, que se encantou não apenas com a beleza do morro, mas também com a forma de vida dos moradores. “Lá temos a sensação de estarmos numa cidade do interior. É como se o tempo tivesse parado”, ressalta a diretora.
Na opinião da arquiteta Nina Rabba, que pesquisa a região desde os anos 80 e que atuou como administradora regional da zona portuária de 1993 a 2000, o filme buscou valorizar o patrimônio imaterial do local, que possui sete monumentos tombados. “O morro tem casinhas pequenas, suas escadarias e as nomenclaturas das ruas são as mesmas do tempo de sua ocupação, no início do século XVIII. Mas o que o torna mais valioso é o seu astral peculiar. E o documentário conseguiu captar isso”, destaca Nina
Relatos de um Rio ainda antigo
Vivi Fernandes