Vela acesa em uma cuia solta no rio. A cena é comum no Norte do Brasil. Herança da tradição indígena pré-colombiana, significa que familiares estão à procura de um corpo afogado nas águas da região. Tradições locais como essa são apresentadas – e explicadas – no Museu do Marajó, na Cachoeira do Arari, Ilha do Marajó, Pará. Lendas, peças de cerâmica, tradições de pesca, cosmologia e outros costumes dos caboclos marajoaras poderão ser conhecidos no documentário que está sendo produzido pelos jornalistas Luiza Bastos e Sérgio Palmquist. Além de divulgar o museu, os diretores pretendem conseguir, com o filme, ajuda para a manutenção do local. “A carência quase absoluta de recursos está ameaçando o acervo e as próprias instalações”, lamenta Luiza. Nos últimos dez anos, o museu quase foi fechado por falta de verba.
Inaugurado em 1983, o museu é a única instituição local que preserva obras que atestam a existência de povos anteriores à colonização européia no Marajó, maior arquipélago fluviomarinho do planeta. Além das peças arqueológicas, abriga exemplares da fauna local, materiais utilizados no dia-a-dia do povo marajoara, como canoas, além de uma série de utensílios utilizados pelos povos nativos. Palmquist e Luiza pretendem relacionar esse rico acervo do museu a todo universo cultural marajoara. “Vamos pegar as peças arqueológicas e levá-las às áreas onde foram coletadas. Desta maneira, não vamos apenas apresentar peças arqueológicas, mas também mostrar os sítios arqueológicos criados pelos habitantes pré-colombianos do arquipélago”, explicam os diretores.