Restauração das imagens do imperador

Em 1868, duque de Saxe, marido da princesa Leopoldina, viajou pelo país em comitiva, visitando várias regiões do interior brasileiro. A jornada foi documentada passo a passo pelas lentes do fotógrafo alemão Augusto Riedel, que reuniu as 41 imagens no álbum Viagem de S.S.A.A. Reaes duque de Saxe e seu augusto irmão d. Luís Philippe ao interior do Brazil no anno 1868, preciosa documentação do Brasil oitocentista. O conjunto faz parte das cerca de 23 mil peças, entre livros, documentos e fotografias do século XIX, da Coleção Thereza Christina Maria, doada à Biblioteca Nacional em 1891 por d. Pedro II. Agora, suas fotografias estão entre as 4 mil imagens que serão restauradas com a verba de 20 mil dólares concedida pelo Fundo para a Preservação Cultural da Embaixada dos Estados Unidos (Ambassador´s Fund for Cultural Preservation), que desde 2001 financia projetos de recuperação da herança cultural dos países em desenvolvimento.

Além do trabalho de Riedel, os álbuns Estrada de ferro Minas and Rio e Estrada de ferro do Paraná, do francês Marc Ferrez, Lembrança de Nova Friburgo, de Henschel & Benque, Vistas de Petrópolis, de Pedro Hees, e Obras de arte em fotografia 2: monumentos y obras publicas de España, de J. Laurent, também serão restaurados com a dotação do projeto, que contempla ainda fotos da última viagem da família real ao exterior, em 1888,  tiradas por Francesco Pesce, e retratos avulsos, como a reprodução da pintura a óleo das princesas Isabel e Leopoldina.

Segundo a diretora do Centro de Processos Técnicos da Biblioteca Nacional, Celia Zaher, a instituição tem até novembro de 2006 para recuperar o acervo. “Os recursos da embaixada norte-americana nos permitem restaurar as imagens e as capas dos álbuns de uma das coleções fotográficas mais representativas do Brasil”, comemora.

"Faremos a higienização, reprodução fotográfica, reprodução reparadora e acondicionamento dos quarenta álbuns e das 2 mil fotos avulsas da coleção”, explica Jayme Spinelli, coordenador de preservação da Biblioteca Nacional. Segundo Spinelli, a expectativa é que, por dia, a equipe – com dois conservadores e um assistente – trate cinco fotografias. Depois de recuperadas, as imagens serão colocadas em cartões de poliéster com pH neutro e, para protegê-las da luz, haverá uma intercalação com papel neutro de baixa gramatura. Os álbuns ficarão guardados em caixas alcalinas, livres de fungos e da acidez do cartão-suporte onde estavam montados. 

A coleção, que foi tombada em 2003 pelo Programa Memória do Mundo, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), reúne imagens de grandes nomes da fotografia, como Marc Ferrez, Revert Henrique Klumb, Augusto Stahl, Albert Frisch, Paul Nadar, Roger Fenton, Eadweard Muybridge, entre outros. “O valor cultural e social da coleção é indiscutível. Além de contribuir para os estudos sobre a história da fotografia, as imagens retratam as realidades nacional e internacional da segunda metade do século XIX”, explica Francisca Helena Martins Araújo, chefe da Divisão de Iconografia.