Acostumado a trabalhar com arqueologia de fortificações, Fernando Marques, do Museu Paraense Emílio Goeldi, está esgotado com sua última missão. Para chegar a ela, são 800 quilômetros de estrada de terra e 14 horas de viagem. “Mas vale o esforço”, ele diz. Na margem brasileira do Rio Guaporé – que divide Brasil e Bolívia –, é no município de Costa Marques (RO) que fica o Forte Príncipe da Beira, o mais antigo monumento colonial do estado. Hoje, só restam ruínas. O trabalho é para mantê-las de pé e estudar um novo uso para o local.
Erguido em 1776, o forte foi construído para proteger a fronteira portuguesa de investidas espanholas. Suas muralhas, de blocos de pedra que pesam 300 quilos, guardavam uma estrutura interna com mais de dez prédios, entre alojamentos, hospital e capela.
“Encontramos mais de duas mil balas de canhão, pedaços de rifles, pedra de pederneira”, lista Marques, que coordena uma equipe de 30 pessoas. “Mas o forte não parece ter sido muito utilizado como elemento de defesa. Sua imponência deve ter amedrontado os inimigos”, brinca.
Ainda no início do século XIX, o local perdeu seu uso. Tornou-se presídio, para alguns anos depois ser deixado de vez. Segundo Marques, objetos encontrados indicam que seringueiros e quilombolas acamparam por lá após o abandono. O arqueólogo enfatiza a importância arquitetônica do prédio e torce para que ele seja valorizado. “Aquilo tem um potencial enorme. Mas se já é difícil as pessoas chegarem lá, imagina os recursos”, diz.
Ruínas distantes
Bernardo Camara