Santa Catarina, uma antologia

  • Descrever a história de Santa Catarina a partir da chegada dos espanhóis a este território brasileiro é o que o historiador Amílcar D’Avila de Mello pretende com a coleção de livros Expedições e Crônicas das Origens – Santa Catarina na Era dos Descobrimentos Geográficos (1501-1600). “É impossível escrevermos sobre a história da Santa Catarina quinhentista sem situá-la em um contexto mais amplo: a exploração, a conquista e a colonização européias da bacia do Prata”, explica o pesquisador na introdução da obra, dividida em três volumes. Segundo Amílcar, ao chegarem à costa catarinense no século XVI – então porto de escala para os navios espanhóis –, os castelhanos ouviram dos índios carijós-guaranis relatos de que no coração do continente havia um “rei branco” e uma “serra de Prata”. “Era uma referência clara ao rei Inca e seu império”, afirma o historiador.

    Os dois primeiros livros da coleção tratam das expedições dos cosmógrafos, capitães de navios, religiosos e outros personagens que nos legaram suas impressões sobre a Terra dos Patos, primeiro nome da Ilha de Santa Catarina. O terceiro, reúne uma coletânea de 52 cronistas, cujas resenhas biográficas, textos, mapas e ilustrações constituem numa espécie de antologia de documentos e relatos da região.

    Vale tratar da segmentação as obras, v. 1 exploração e conquista, 2 colonização e abandono...

    Segundo o autor, uma das características da conquista européia em Santa Catarina foi o relacionamento pacífico entre os espanhóis e os indígenas, no caso os carijós-guaranis.[por que?] Essa relação se distinguiu das demais regiões colonizadas pela Espanha, marcadas pela violência e pelo genocídio. De acordo com o autor, além da demarcação do Tratado de Tordesilhas – que dividia a América à leste para Portugal e à oeste para a Espanha –, [frase confusa: a associação entre tratado e ocupação esta pouco clara] os espanhóis somente não conseguiram se fixar em terras brasileiras devido aos constantes ataques dos tupis, então aliados dos portugueses e inimigos dos carijós-guaranis. “Com os ataques aos guaranis, ao longo do século XVI, os lusitanos criaram um imenso vazio demográfico no litoral catarinense, tirando o apoio logístico que os espanhóis necessitavam para colonizar Santa Catarina”, explica.  [não foi afirmado que era pacíifico o contato?]

  • Para o historiador e almirante? Max Justo Guedes, especialista em cartografia e história naval, é importante que se saiba que a costa catarinense foi o ponto de partida para a colonização de futuros?  países como Argentina, Uruguai e Paraguai. “A pesquisa de Amílcar acrescenta informações à historiografia brasileira, que é carente de estudos abrangentes sobre o Brasil meridional do século XVI”, afirma ele.

    Para a realização dos três livros, Amílcar Mello consultou, durante 15 anos, fontes primárias em arquivos, museus e bibliotecas, como o Arquivo Geral das Índias, em Sevilha; a Real Biblioteca do Mosteiro de El Escorial, em Madri, a Biblioteca Britânica, em Londres; a Biblioteca Pública de Nova York; a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, entre outras. Com patrocínio da Petrobrás, a primeira edição de Expedições e Crônicas das Origens – Santa Catarina na Era dos Descobrimentos Geográficos (1501-1600), com 1500 exemplares, foi distribuída em bibliotecas, universidades e instituições de pesquisa. Mas, segundo o autor, em breve os livros estarão disponíveis ao grande público em nova edição. “Pretendo desdobrar a coleção em quatro ou cinco livros menores”, revela.