Com uma Palma de Ouro no currículo, o sueco Arne Sucksdorff chegava ao Brasil em 1962 para ministrar um curso de técnica cinematográfica. Carregado de equipamentos modernos, Sucksdorff encontrou, a princípio, certa resistência por ser dono de um cinema polido. Mas, em contato com a geração de Glauber Rocha, acabou se aproximando das ideias propagadas pelo Cinema Novo. E deixou sua contribuição para o movimento. “Ele fez a nova geração de cineastas conhecer um aparato técnico que não podia ser desprezado”, diz o curador da mostra e crítico de cinema, Sergio Moriconi.
Entre 16 e 24 de março, a obra do cineasta está em cartaz no CCBB-Brasília, na maior retrospectiva já feita sobre seu trabalho no país. Filmes que se tornaram clássicos do Cinema Novo, como “Vidas secas”, de Nelson Pereira dos Santos, e “Terra em transe”, de Glauber, usaram a parafernália trazida por ele. A discussão de ideias promovida com os alunos – entre eles o próprio Nelson – também mudou o cinema de Sucksdorff. “Ele embarcou numa aventura que os diretores do Cinema Novo reivindicavam: uma vida mais próxima do povo, da realidade”, diz Moriconi.
O sueco começou filmando meninos de rua. Mudou-se para o Pantanal e continuou no ramo, mas sem a preocupação excessiva com o refinamento. Nascia ali seu cinema novo. “No meio do Pantanal, Sucksdorff acaba fazendo seus filmes com uma câmera na mão e muitas ideias na cabeça”.