Testemunha ocular

Paulo da Costa e Silva

  • É como se, na carteira de identidade já devidamente preenchida, só faltasse a foto 3x4 – e foi Jean Manzon quem a fez. A história do fotojornalismo brasileiro se divide em dois períodos: antes e depois de Manzon. O francês é considerado um pioneiro da fotografia de imprensa nacional. Sua entrada na revista O Cruzeiro, em meados dos anos 1940, foi uma verdadeira virada na qualidade estética e no prestígio da fotografia no país. Em poucos anos, a tiragem da revista subiria de 10 mil para mais de 700 mil exemplares, tornando-se um grande fenômeno de vendas. O Brasil, que já havia construído uma identidade sonora pelas ondas do rádio, passaria a ter, com as fotos de Manzon, um rosto concreto.

    O francês testemunhou um dos mais ricos períodos de nossa história política e cultural. Para contar essa história, a Editora Aprazível lançou no começo do ano Jean Manzon – Retrato Vivo da Grande Aventura, no formato livro de mesa e com qualidade gráfica à altura da qualidade estética das fotos. Os editores Leonel Kaz e Nigge Loddi selecionaram 200 negativos, entre mais de 17 mil, para traçar um amplo painel da obra de Manzon e da vida brasileira no período – os anos 1940 e 50.
    Das fotos emergem as feições de um país novo, cheio de esperança em seu futuro e ansioso por se exibir aos olhos do mundo. Um merecido tributo ao francês que revolucionou o fotojornalismo brasileiro.