Todas as formas da imaginação

Angélica Fontella

  • Roger Mello é apresentado numa espécie de linha do tempo de suas ilustrações. (Foto: Roberta Souza)Some a 51ª Feira do Livro para Crianças de Bolonha (Itália), a mostra “Roger Mello e seus jardins”, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), e o valioso acervo de ilustrações da Biblioteca Nacional. Assim nasce “Brasil: Incontáveis linhas, incontáveis histórias”. Em cartaz na BN até março, a exposição apresenta 55 artistas que desenham a história da ilustração no país.

    A exibição começa com Johann Moritz Rugendas, com Cascatinha da Tijuca (1822), passa por Monteiro Lobato, por brinquedos dos anos 1940 e deságua em Ziraldo, Roger Mello e outros artistas contemporâneos. Na área reservada a Ziraldo, o Menino Maluquinho recebe o público de braços abertos. A ilustração inédita Arte para cartão de Natal (2013) é a primeira da seção e reúne diversos personagens do artista – incluindo o Pererê, dos anos 1960 – em torno de sua criação mais famosa, o menino de panela na cabeça. Outra obra em evidência é O bichinho da maçã (1982), ganhadora do Prêmio Jabuti de melhor livro de arte do mesmo ano. Roger Mello entra em cena com um tapete verde de grama sintética rodeado por dez obras do artista ganhador do Prêmio Hans Christian Andersen (2014), o maior prêmio de literatura infanto-juvenil.

    Espaço infanto- juvenil dedicado aos principais leitores das obras de Ziraldo e Roger. (Foto: Roberta Souza)Entre as obras de Ziraldo e o trabalho do primeiro ilustrador latino-americano a receber um Hans Christian Andersen, são apresentadas seis técnicas de ilustração, como xilogravura sem papel, bordado sem tela e nanquim. Cavalos-de-pau e aventuras na cozinha são temas recorrentes nessa seção da mostra, mas uma imagem destoa: Papagaio come milho, periquito leva a fama (2008). Alcy Linares provoca curiosidade ao desenhar um menino de frente para o espelho observando o reflexo de seu eu idoso.

    Para Ary Moraes, professor da Escola de Belas Artes da UFRJ, a exposição, “se fosse música, seria um pot-pourri do melhor da ilustração brasileira”. Moraes esteve na cerimônia de abertura e destaca a importância da ilustração para a educação infantil: “A ilustração ajuda a construir imagens, conceitos, critérios e padrões que serão usados na relação com outras pessoas”.

    Ao final do percurso, livros, cavaletes e hidrocores ficam à disposição dos pequenos visitantes que, inspirados pelo passeio, podem expressar sua arte e/ou ler à vontade. Parte das ilustrações da exibição foi selecionada originalmente para o evento de Bolonha em março de 2014, onde o Brasil foi o país homenageado.