Tombamento à vista

  • Durante o trabalho de restauração do calçamento da Rua Marechal Santos Dias, nos anos de 1990, em Parati, o arquiteto Júlio Dantas, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) encontrou dois fragmentos de cantaria – pedra trabalhada usada em construções do período colonial. A descoberta mobilizou pesquisadores para uma investigação na cidade, no litoral oeste do estado do Rio de Janeiro. A partir das peças, com aproximadamente 70 centímetros cada uma, historiadores e arquitetos do Iphan tentam descobrir a origem das pedras, suspeitando que possam ser partes do pelourinho – coluna instalada em local público para castigar escravos – da região.

    Além das pedras, os pesquisadores estão analisando, desde setembro, documentos da Câmara Municipal e outros registros históricos que estão arquivados na Biblioteca Nacional, no Arquivo Nacional e no próprio Iphan. Confirmada ou não, a suspeita foi o ponto de partida para uma pesquisa ainda maior: onde ficava o pelourinho de Parati?

    Segundo o coordenador da pesquisa, Bartolomeu Homem d’el-Rei Pinto, as investigações serão concluídas até o fim deste ano. “De acordo com um ofício da Câmara emitido em 1840, foi determinado que o pelourinho fosse demolido e transformados em meios-fios. Mas, normalmente, eles tinham formas arredondadas, diferentes da peça que estamos analisando. O mais importante nessa busca é descobrir o local exato do pelourinho”, diz Bartolomeu. Caso o local seja encontrado, a cidade, que foi declarada Monumento Histórico Nacional pelo Iphan, em 1966, terá o seu sétimo bem tombado, além de todo o seu conjunto arquitetônico e paisagístico.