Troia brasileira

Cristina Romanelli

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    No Rio Grande do Sul, revoltosos decidiram tirar o governador Julio de Castilhos do poder. Era a Revolução Federalista, que reuniu opositores do presidente Floriano Peixoto e seguiu até o Paraná, em 1894, em busca de armamentos em guarnições militares. A cidade de Lapa acabou ficando famosa pelos 26 dias de resistência, conhecidos como “Cerco da Lapa”. O episódio, junto com marcos como o centro histórico tombado, garantiu à cidade o título de Capital Brasileira da Cultura 2011. Esta é a sexta eleição feita pelo Bureau Internacional de Capitais Culturais, que tem apoio dos ministérios da Cultura e do Turismo.

    Um comitê formado por representantes do poder público local e membros da sociedade civil vai promover várias atividades culturais e eventos este ano. Mas quem já visitou a cidade não teve dificuldade para encontrar pontos de interesse, pelo menos os relativos ao cerco militar. “Lá tem até o ‘Panteon dos Heroes’, com corpos dos soldados. Muitos chamam a cidade de ‘Troia brasileira’. Há uma mística exagerada em torno disso”, afirma Rafael Augustus Sêga, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Para o historiador, o regime militar incentivou “ufanistas” a escreverem sobre o episódio. Exagero ou não, Lapa atrai muitos turistas interessados no tema. E este ano deve atrair vários outros, em busca da nova programação cultural.