Até hoje, Ariano Suassuna não engole o fato de que a capital paraibana carregue o nome de João Pessoa. Para o escritor, sua terra natal chama-se Paraíba. E ponto final. A mágoa se arrasta desde o assassinato de seu pai, João Suassuna, em 1930. Ex-governador do estado, ele morreu por desavenças políticas, como suspeito de matar seu sucessor ao governo, João Pessoa de Albuquerque. As perseguições se estenderam à família, que teve de fugir às pressas da região.
Ariano demorou a pisar novamente na atual João Pessoa. Mas agora a cidade move mundos e fundos para reconquistar a simpatia do dramaturgo. “Desde 2007, ele vem sendo homenageado. Organizamos o Ano Cultural Ariano Suassuna, concedemos uma comenda na Câmara e inauguramos uma escultura de quase dez metros de altura”, lista Fernando Moura, coordenador do Patrimônio Cultural de João Pessoa, órgão ligado à prefeitura.
Emocionado, o poeta foi ver de perto as iniciativas: “Não tenho palavras para agradecer. Não poderia receber homenagem melhor do meu povo”, disse na inauguração do monumento, que retrata seu pai, ele próprio e os elementos sertanejos que figuram em seus textos.
"Ariano continua chamando João Pessoa de Paraíba, mas essas ações estão restabelecendo aos poucos as relações emocionais entre ele e a cidade”, acredita Moura, esperançoso: “Ele está voltando para nós”.
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Bernardo Camara