Brasil, 1958. Conspirações, rebeliões e uma história de amor. O primeiro filme de ficção sobre o ex-presidente mineiro Juscelino Kubitschek, que governou o Brasil entre 1956 e 1960, acontece ao longo de uma jornada de 24 horas. Baseado no romance de Pedro Rogério Moreira, Bela noite para voar, o longa-metragem tem direção de Zelito Vianna, que resume o filme como “um folhetim estrelado por JK”. “O filme acontece durante um vôo que vai do Rio de Janeiro a Belo Horizonte, com escalas em Campinas, Dourados e Brasília. Durante a trajetória, uma conspiração capitaneada por oficiais da Aeronáutica tenta derrubar o avião do presidente”, conta o diretor.
O filme faz referência às rebeliões do início do mandato de Juscelino, especialmente a de Jacareacanga, ocorrida em fevereiro de 1956, quando oficiais da Aeronáutica tomaram uma base aérea do sul do Pará. Mas o roteiro não aborda apenas o cenário político do período. Nele, ganha espaço a relação amorosa do presidente e sua amante carioca Maria Lúcia Pedroso. O assunto causou polêmica entre os familiares de JK, vivido na tela por José de Abreu. Maria Lúcia ganha vida na pele de Mariana Ximenes.
Bela Noite para voar, título provisório do filme, foi originalmente pensado pelo jornalista e produtor Nei Sroulevich, falecido em 2004. “Tínhamos a convicção de que era impossível fazer a reconstituição cinematográfica da biografia de JK, que teve uma carreira política riquíssima, cheia de grandes realizações, o que tornaria o filme extremamente caro”, conta Zelito, que levou para o cinema, em 2000, a vida do compositor Villa-Lobos. Entre as grandes realizações de JK figura a construção de Brasília, erguida no Centro-Oeste do país entre 1956 e 1960. Juscelino Kubitschek foi protagonista dos anos dourados brasileiros, período que ficou marcado pelo espírito otimista do governo JK.
-
O filme tem lançamento previsto para 12 de setembro, data em que Juscelino faria 103 anos.
Revista de História: Como foi desenvolvido o roteiro do filme?
Zelito Vianna: A pesquisa e o roteiro foram feitos por mim. Nos diálogos tive a colaboração de Augusto Boal e Chico Anysio. Li todas as biografias existentes sobre JK, entrevistei algumas pessoas que o conheceram intimamente, mas a base do filme é o livro do Pedro Rogério Moreira.RH: O que foi privilegiado no roteiro, o lado histórico ou humano de JK?
ZV: Ambos. É impossível desintegrar o homem do presidente no caso de JK. Como dizia Nelson Rodrigues, “Juscelino introduziu o riso na Presidência da República”.RH: JK é um político muitíssimo querido pelos brasileiros. Está preparado para possíveis polêmicas?
ZV: Como dizia Villa-Lobos, “sem polêmica, a vida não vale a pena”.