Vários campos de expressão vêm renovando a História desde antes do século XX. A Geografia, a Antropologia, a Psicologia e a Linguística podem ser citadas como exemplos. Da mesma forma, tanto a Literatura quanto o cinema têm a sua cota de contribuição nesse processo, pois vêm oferecendo novos recursos narrativos para os historiadores. Recentemente, comecei a investir em uma questão ainda pouco explorada: poderia a música fornecer modelos teóricos, expressivos, ou até mesmo metáforas que contribuíssem para a renovação da historiografia?
Como a minha principal área de estudos é a Teoria da História – aquele campo no qual o objeto de estudo é a própria obra dos historiadores de todas as épocas, inclusive a nossa –, cheguei à conclusão de que poderia usar a música para entender melhor a complexidade teórica dos diversos historiadores que se tornaram autores de obras importantes. Ao lado de conceitos já clássicos, como os de “paradigma”, “escola histórica” e “campo histórico”, surgiu-me a possibilidade de trabalhar com uma nova noção, inspirada na teoria musical. Esta nova noção – o “acorde teórico” – tem a função de contrabalançar a simplificação na qual nos envolvemos quando tentamos compreender o trabalho de um historiador usando apenas as noções de “paradigma historiográfico” e “escola histórica”.
Um acorde, na teoria e na prática musical, pode ser entendido como um conjunto de notas musicais que soam juntas, e assim produzem uma sonoridade compósita. Por meio de uma pauta de cinco linhas, pode-se representar um acorde musical. Mas o acorde é um fenômeno sonoro, independente da representação que lhe atribuamos em uma folha de papel.(...)
Leia este texto na íntegra na edição de agosto.
Um diálogo com a música
José D’Assunção Barros