Um tiro de canhão no pé

  • Um ano antes do golpe do Estado Novo, em 1937, os brasileiros ainda acreditavam que haveria eleições gerais em 1938. José Américo (1887-1980), candidato à Presidência, que o diga. Ele chegou a ir a Minas Gerais para conseguir o apoio do governador Benedito Valadares (1892-1973). E conseguiu. Num comício improvisado, o safo líder mineiro discursou em tom de exaltação: “O nosso grande candidato promete a Minas o aço! O aço com que se fazem as locomotivas! O aço para fundir os nossos canhões!”

    Mas quando falou “canhões”, percebeu que a palavra poderia soar mal aos ouvidos do presidente Getulio Vargas. Então parou, pensou e, mineiramente, saiu com essa pérola: “Canhões, sim, mas não para matar!”.

     

    Em Folclore Político, de Sebastião Nery.