Vida de cão

Cristina Romanelli

  • Mesmo com a grande quantidade de animais domésticos no Brasil, bois, ovelhas e porcos estão ameaçados de extinção. Essas espécies vieram com os primeiros colonizadores europeus e, com o tempo, adquiriram características que lhes permitiram a adaptação ao novo ambiente. A partir do século XIX, algumas raças selecionadas foram trazidas, e os “vira-latas” que tínhamos por aqui acabaram esquecidos. Antes que todos desaparecessem, os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Cernagen) resolveram salvar raças de sete espécies, que incluem búfalos, cavalos, jumentos e cabras. Este ano, começaram também as pesquisas com galinhas caipiras.

    O trabalho é elogiável, mas tem objetivos comerciais: aproveitar os genes desses animais para aprimorar características de outros. “Eles passaram por 500 anos de seleção natural. O cavalo pantaneiro, por exemplo, é o único que aguenta viajar pelo Pantanal porque tem o casco mais resistente”, explica Arthur Mariante, coordenador do programa. Enquanto buscam exemplares desses animais, os pesquisadores acabam topando com alguns ainda desconhecidos, como o cavalo baixadeiro, no Maranhão. Mas a tarefa é tão difícil quanto encontrar agulha em palheiro, porque essas raças da época do Descobrimento têm população pequena e estão espalhadas por todo o país.