Para muitos gaúchos, Cio da Terra foi um tardio e politizado Woodstock brasileiro. Na primavera de 1982, o festival reuniu quinze mil jovens durante três dias de debates e manifestações artísticas nos Pavilhões da Festa da Uva, em Caxias do Sul. Alguns deles, munidos das populares câmeras Super-8, registraram momentos do encontro cultural, organizado pelo movimento estudantil. “O evento nasceu quando emergiam grupos ligados à arte e à contestação social no Sul. Veio para discutir o papel da juventude num quadro de abertura política”, explica Edgar Gandra, pesquisador da Universidade Federal de Pelotas.
Vinte e cinco anos depois do festival, os cineastas Cacá Nazário e Eber Marzulo foram atrás dos antigos rolos de filme e digitalizaram o material, dando origem ao documentário “O cio da terra”. Lançado em setembro passado, o média-metragem de baixo orçamento circulou em poucas salas de cinema do Rio Grande do Sul. Agora, seus produtores vão facilitar o acesso à obra, disponibilizando-a na internet.
Segundo Marzulo, o filme pretende romper as barreiras regionais para levar a história do festival a jovens de todo o país: “Estabelecemos uma relação entre a geração de 1982 e a juventude atual. Abordamos temas que fazem parte das discussões nas escolas, como drogas, ecologia e direitos sociais”.Clique aqui para assistir ao filme ou às cenas originais gravadas pelas câmeras Super 8, há 29 anos.
Woodstock gaúcho
Alice Melo